Música

O maestro e professor de música João Carlos Rosolini nasceu em Santo André, SP, a 06 de dezembro de 1956, numa família de imigrantes italianos vindos do “Veneto” em busca de uma nova vida nas lavouras de café no interior de São Paulo, seguindo a onda migratória iniciada em fins do século XIX. A sua formação musical foi iniciada na infância, no âmbito familiar.
O seu avô paterno e tios eram multi-instrumentistas e cantores amadores de músicas populares italianas e brasileiras. Já seu pai, João Rosolini, foi violinista profissional da Orquestra Sinfônica de Santo André/SP.
Aos 6 anos de idade, João Carlos começou a estudar violino com seu pai, e aos 13 anos ingressou no Coral São Pio X, em São Paulo, dirigido pelo então regente do Coral Paulistano (Coral do Teatro Municipal de SP) Miguel Arquerons, maestro espanhol formado na “Escolania de Montserrat”, e que fez história no cenário musical paulista nas décadas de 1960 a 1990. Com ele estudou teoria musical, canto coral, regência, flauta e piano.
Ao longo dos 10 anos nos quais foi coralista, e mais tarde, regente auxiliar, do Coral São Pio X, executou músicas sacras, renascentistas e folclóricas. Nessa mesma época, tocou trompete na fanfarra dirigida por Cláudio Stephan, ex-diretor artístico da Orquestra Sinfônica de São Paulo, e fez curso de canto gregoriano no mosteiro paulistano de São Bento, com Marcos Pavan, atual diretor do coral da Capela Sistina, no Vaticano.
Em 1973 ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. Não concluiu o curso para se dedicar à sua formação musical. Em 1995 transferiu-se para Minas Gerais onde, além da música, foi guia turístico nas cidades históricas de Minas Gerais. Como poliglota recebeu turistas do mundo inteiro, trabalhando com a “Ouro Preto Turismo”.
Em dezembro de 1995 visitou Santa Luzia e se encantou com o coral Mater Ecclesiae, Meninos Cantores de Santa Luzia, que havia sido fundado apenas meses antes. Em 1997 abandonou as funções de guia turístico para se dedicar exclusivamente ao coral. Tornou-se regente auxiliar, professor de canto e técnica vocal, de flauta doce, e ajudou na formação dos meninos dando-lhes aulas gratuitas de inglês. Até 2018 regeu o Coral Mater Ecclesiae em inumeráveis concertos, missas, casamentos, congressos nacionais e internacionais, em Santa Luzia e muitas outras cidades do Brasil.
Entre as principais apresentações do Coral Mater Ecclesiae, nesta época, podemos mencionar concertos com o Clube da Esquina, com o grupo musical sueco, de renome mundial, ABBA, o Congresso Internacional dos “Pueri Cantores”, no Rio, em 1917. Participou da gravação de dois CDs do Mater Ecclesiae: “Laudate Pueri Dominum” (1999) e “Missa Solene” (2002).
Em 2006, João Carlos foi eleito vice-presidente da Federação dos Meninos Cantores do Brasil, conhecidos como “Pueri Cantores”. Pela Federação, João Carlos organizou turnês internacionais, com concertos em várias cidades dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, dos corais europeus “Les Petits Chanteurs de Lyon” (2008), “Les Petits Chanteurs de Bordeaux” (2013), e Neuen Kammerchor Heidenheim (2017).
Também foi um dos responsáveis pela organização do Congresso Nacional de Meninos Cantores do Brasil, em Belo Horizonte (2001), que contou com a participação de mais de 800 crianças de todo o país.
Entre 1998 e 2018, João Carlos também foi regente do Coro Angélico e Orquestra Sacra de Santa Luzia, ambos do Santuário de Santa Luzia, dois dos conjuntos musicais mais antigos da cidade, ainda em atividade, declarados patrimônio cultural imaterial pelo município em 2022.
Nesse período, recuperou parte significativa do acervo musical do Coro, que dispõe de peças sacras e populares de compositores luzienses e mineiros dos séculos XVIII, XIX e XX, ainda não catalogadas em pesquisas e publicações científicas.
Como homenagem a tantos anos dedicados à Cultura na cidade de Santa Luzia, em 19 de março de 2024 foi condecorado com a “Comenda Castrinho”, medalha outorgada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo aos personagens relevantes na vida cultural da cidade. A medalha lhe foi entregue pelas mãos do então prefeito, Luís Sergio Ferreira Costa.
O maestro João Carlos Rosolini construiu, ao longo da vida, um significativo patrimônio de conhecimento musical adquirido junto a mestres das culturas popular e erudita, o qual, desde a juventude, transmite a crianças, adolescentes, adultos e idosos dos diversos grupos musicais que regeu em cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais, com destaque para Santa Luzia.